A poluição luminosa é uma questão dos tempos modernos, tendo sofrido um agravamento nas últimas décadas. Embora "a luz artificial" seja "(...) sem dúvida, um dos grandes feitos da humanidade", tornou-se numa negação do estado noturno, "desconsiderando os impactos da emissão de luz para a atmosfera".
A noite e a escuridão são fundamentais para o funcionamento dos ecossistemas. São muitas as espécies noturnas que dependem do escuro para viverem - alimentarem-se, protegerem-se, caçarem. Além destas espécies, também as espécies diurnas, como o ser humano, dependem da ausência de luz para regular o seu ciclo circadiano e ter qualidade de vida.
Existindo, hoje, consenso científico quanto aos impactos da luz à noite nos ecossistemas, é preocupante que Portugal ocupe o pior lugar na Europa no que respeita a emissão de luz à noite para a atmosfera, não existindo nenhum local no continente isento de poluição luminosa.
Estes são alguns dos pontos focados pela Carta Aberta que, contando com nomes como o do Professor Manuel Sobrinho Simões, Professor Emérito da Faculdade de Medicina do Porto, e Maria Amélia Martins-Loução, presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia, totaliza 25 signatários das mais diversas áreas do meio académico até às artes, incluindo a física, a ecologia, a arquitetura ou as ciências sociais, demonstrando, assim, a transversalidade da problemática da poluição luminosa.
Os subscritores terminam a carta aberta solicitando que seja aplicada a Resolução n.º 193/2019 da Assembleia da República, que "recomenda ao Governo que regule e adote medidas para combater o impacto da poluição luminosa no meio ambiente".
A Carta Aberta está disponível aqui.
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