Vivemos um período disruptivo e transformador fruto do surto da pandemia de COVID-19. Perante as circunstâncias limitadoras e de contingência, a Faculdade de Medicina da Universidade do Minho tomou medidas rápidas, incluindo a decisão de implementar um processo de avaliação remota.
A implementação deste processo passou pela recolha e estudo de informações relevantes, através de uma pesquisa sobre acessibilidade e confiança no uso de instrumentos baseados na Web, bem como o já existente know-how da equipa da UMinho em tecnologia educacional. O desafio foi no campo da avaliação remota, em que o conhecimento era muito limitado e, perante as circunstâncias, não existiu tempo suficiente para fazer testes.
O que foi tentado?
Reconhecendo as várias dimensões críticas da avaliação remota válida, a Faculdade de Medicina da Universidade do Minho desenvolveu a seguinte abordagem para implementar a avaliação remota:
- Exames formativos e rede de suporte - esses exames permitiram testar o processo de acesso remoto;
- Livro aberto e itens cronometrados - a confiança nos alunos é um elemento essencial. A equipa confiou nos alunos para agirem com integridade, e o garante da segurança foi assegurado pelo corpo docente na projeção de itens cronometrados e apropriados para consulta.
- Justiça - aspecto fundamental da avaliação de um aluno. Como era foi possível garantir a igualdade de circunstâncias e condições na realização dos exames, e ainda não foi possível avaliar o impacto destes elementos variáveis dos testes no desempenho dos exames, as pontuações foram normalizadas para a pontuação média das últimas três coortes no mesmo exame. O desempenho do aluno será calculado com base numa pontuação z, relacionada com o desempenho médio do exame de avaliação remota e normalizado para uma pontuação de referência dos últimos três anos. Desta forma, garante-se que os alunos não fiquem em desvantagem quando comparados a coortes anteriores e futuras.
- Liberdade de escolha - considerando que alguns alunos se podem sentir desconfortáveis com o formato de avaliação remota, ser-lhes-á dada, a priori, a oportunidade de escolher entre este modelo ou uma avaliação alternativa.
- Transparência e apoio emocional - os alunos contribuíram para o processo que resultou no modelo de avaliação atual, que é um garante de transparência e, além disso, diminui significativamente o sofrimento emocional.
Neste webinar, será abordada a forma de implementação destas estratégias e feita uma análise dos resultados da sua implementação.
FORMADOR
José Miguel Pêgo é Anestesiologista e Professor Auxiliar na Escola de Medicina de Braga. Integra o Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde. Ministra Farmacologia, Anestesiologia e Cuidados Intensivos. Coordena a Unidade de Educação Médica, que apoia pedagógica e cientificamente membros do corpo docente e estudantes.
Os seus principais interesses de investigação são os efeitos do stress crónico no comportamento emocional e o entendimento dos mecanismos subjacentes. Além desta temática, também investiga sobre o processo de avaliação cognitiva.
É certificado pelo National Board of Medical Examiners in the Foundations of Assessment in Medical Education (FAME) e membro do European Board of Medical Assessors.
Fundou a iCognitus, onde atualmente ocupa a posição de CEO. Esta empresa é especialista em software de avaliação escrita (medQuizz).